Sunday, November 25, 2012

"Frenezim" num país de maravilhas.

    Fechei-me na sala , iluminado só pela luz do ecrã, furioso comigo, por querer "escrevinhar" sobre tantas coisas, mas perder constantemente o norte.
    Não quero dizer apenas o que muitos dizem , porque acho sinceramente que há mais do que isso, e recuso-me (só para concordarem ou descordarem de mim) de cair no pontual, quando o que se passa, é uma globalidade de acontecimentos, onde vejo injustamente... deixar "escapar" os culpados do passado, "fugir" os culpados do presente, e "legitimar" ( por falta de opções e de comodismo em excesso) os culpados do futuro.
    Fico assim, a cada dia que passa , mais convencido que a "falta de conteúdo", que tantos se apressam a encontrar em situações pontuais , são extenções de uma  realidade necessária que nos grita aos ouvidos , mesmo neste "agora", onde tudo é muito mais exposto á informação e contra-informação que une , como nunca, esta  "aldeia global".
    A realidade faz a  sociedade mover-se em vários universos, num conjunto de grupos, situações e atitudes. Uma maneira "crua, cruel e por vezes feia", como sempre aconteceu em toda a "linha" da humanidade, que depois  a "historia contada" trata em romantizar.
   
    Com isto... desisto, não me acho capaz de escrevinhar sobre "um todo que há para falar"!
    Prefiro calar os meus valores, e expressar "pontualmente" a minha opinião em tertúlias "de gente amiga", que ajudo a incentivar, para não cairmos em opiniões simplistas de slogans no facebook.
    Era mais facil para mim ver isto tudo de fora, de uma maneira quase "cartonizada", reforçando o ridiculo.
    "Encolher" e procurar o primeiro buraco que me levasse a Wonderland, e olhar com os olhos de um "coelho" que vai saltitando por ai, tentando sobreviver a esta caçada que "nos fazem"...

    ... "Caçada" que se sente socialmente por todo o lado. Pois a verdadeira indignação transpira "constantemente" não das grandes manifestações, mas do dia a dia, das conversas das pessoas, dos cafés vazios, das montras cobertas com folhas de jornal... Do que havia ali e já deixou de haver e... do que havia sempre aqui, mas já não há dinheiro para comprar.
   A rainha (en)gorda(da) de copas (rapariga outrora  sedutora, de seio reluzente á mostra que nos enfeitiçava com o branco da sua pele), foi destornada por outra rainha  gorda, (obesa de nascença, com a gula como pecado).
    E brevemente, espera-se ( e não adianta olhar para o lado!) algo ainda pior, que vai cobrir, "ainda mais de escuro " o reino. O mau tempo da "indignação", vai ser substituido pela tempestade do... "desespero", e com isto, toda a sua fúria que arrasa irracionalmente "a eito", tornando a destruição a sua imagem ( e neste caso a destruição física será, sem desprimor, a mais barata socialmente).

    Entretanto olho lá para o fundo e vejo que o castelo da revolução ruiu pelas suas bases. Peças "defeituosas" com "fissuras de caracter" nas fundições, espalharam-se  ao resto da estrutura.
    Mas isso agora não interessa, porque esta rainha gorda veio para ficar no palácio principal, trouxe disciplos fieis, soluções radicais e uma nova politica de uma "republica monarquica", onde o sangue azul é substituido pelo compadrio ( como um grilo de cartola, que eu conheço, dizia! ) de "brochar" á esquerda e á direita.

    Assim... vai sendo "declarado", cada vez com menos vergonha as duas classes soçiais, que o plano ostenta para o reino: os que mandam e os que fazem!
    Até o exercito das cartas já foi "fidelizado", á mais correcta maneira dos reis antigos:
    -"Aumentem o "soldo" dos peões, prometam-lhes terra onde mandem e façam-nos jurar fidelidade" - gritou o "bobo de cabelo branco espertalhão" do alto das escadas do palácio, a mando da "gorda".
   
    A unica coisa positiva, com isto, é que os ministros da rainha, entretidos em espetaculos de sombras e marionetas, conseguiram  resumir (finalmente!) num só valor, todo o futuro que andaram a preparar com discursos extenuantes sobre bancas,taxas, juros e derivações de mercado. (E não é que isso seja uma boa noticia... apenas é uma alivio, deixar de ouvi-los nos culpar ou culpar "os americanos".)
    Sendo assim podemos esperar no valor de 10,8%,  o aumento da angustia, do desemprego, do crime, da falta de oportunidades e da perca de dignidade.No fundo um investimento na tentativa de equilíbrio entre o aumento do desespero social e da manutenção da legitimidade ganha por eles em outros tempos.

    Mas tenho de voltar de Wonderland!
    Por aqui, no verdadeiro pais das maravilhas, o cenário, mesmo cinzento ( sem cores psicadélicas!) ainda consegue ser mais irreal... os testemunhos de detidos na manifestação, contrastam com o discurso do "tempo da guerra fria" das forças "da ordem". Discurso que nos tranquiliza com pérolas como uma carga policial "adequada" sobre uma multidão, fazendo esquecer num "palavreado bonito de quem parece que anda no arame"  da falta de justificação pela  mudança de estratégia das "forças do poder",  que sujeitou um grupo de indivíduos (porque mesmo pagos e sujeitos, por opção, a ordens ,são indivíduos!) a duas horas de apedrejamento, sem qualquer intuito conhecido, a excepção (como natural) do incentivo á falta de discernimento para a execução das suas funções (nesta altura e por consequência em futuras)
    Entretanto o presidente do reino republicano, aparece (noutra cerimonia) com um novo numero cómico (quase tão cómico como o que o genro fez... para comprar um pavilhão), deixando-nos sem perceber se não tinha mesmo nada para dizer ou se foi uma maneira de continuar a não dizer nada.
    E temos de admitir... que não dizer nada, é difícil neste pais, até porque infelizmente os "bufos e os traidores" (e mais recentemente os "espertos") sempre foram uma constante neste nosso povo, e infelizmente  (digo-o  com todo o meu nacionalismo em sentido) apesar de isto ser um "facto negro" incontornável da nossa historia, presumo que será também a desculpa que "alguém" irá utilizar para  justificar  haver quem "chibou" a ideia que a "mentalidade petrodollars" tem para "serviço privado" do serviço publico.

    Tudo isto enquanto o orçamento "deste estado" é discutido por inúteis , que nos "encharcam" de opiniões e posições, parecendo ignorar as "questões simples" e a verdadeira dificuldade financeira, que não é estruturar um orçamento pelo lado da divida ou pelo lado da despesa, mas sim fazer o orçamento do mês , pelo lado da dignidade.
  
Alice num País de Maravilhas

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