Wednesday, June 6, 2012

Carlos o "mini-anão"

   Quando andamos por cidades grandes, tropeçamos em dezenas de pessoas todos os dias. Raramente algum desses "tropeções" nos fazem parar ou olhar uma segunda vez, porque  o Tic-Tac do relógio conduz-nos num ritmo próprio, onde o tempo teima em  "escassear-nos", mesmo, quando não é para ir a lado nenhum.
    Mas por vezes, algo é diferente, como se tivessemos destinados a cruzar caminho com certas personagens.
    E é assim que começa esta história.  
    Num sitio muito pouco provável, a uma hora muito pouco provável, tropecei (ou melhor tropeçamos!) naquele "ser" surpreendente.
    Logo á primeira vista, quando o vi levantar do chão e sacudir o pó das roupas, percebi que aquele não tinha sido um tropeção qualquer. Os seus olhos, fitavam-nos de uma maneira ameaçadora que antecipava uma serie de insultos de dedo em riste. Pensei numa serie de frases para me desculpar, mas a única coisa que consegui construir para "aquele cenário" foi:
    - "... I see... little people!"
    E era verdade, á minha frente estava o Carlos um mini-anão. Uma personagem que nasceu de um ovo, que chocou do calor de uma ideia, e que deambulava agora por aqui, a maior parte do tempo a evitar que "tropeçassem" nele.
    Percebi que devia ter mil histórias para contar, de um mundo onde o normal é gigante, e convidei-o a sentar-se na esplanada com a malta, para ouvir-mos algumas delas.
    Acedeu ao nosso convite mas sempre com um feitio "carrancudo", que nos pareceu logo que devia ser constante (também é compreensível, pois já deve ser fodido ser anão quanto mais um mini anão). Depois das apresentações, pediu uma "lambreta".

    Nós de Heineken na mão (sim eu sei que isto pareçe dificil de acreditar!!!), centrávamos a curiosidade nele, como uns putos á volta de uma harley a imaginar a suas "histórias". E o Carlos "o mini anão" contou-nos um pouco da sua.  
    Contou-nos que a ideia que o fez "chocar", não era assim tão boa, e como consequência, ao contrário dos outros anões (com ideias boas) nasceu com pouca piada e pouca sorte. Passa a vida, com gente a tropeçar nele, mas que ao contrário de nós, pouca gente "o vê".     Agora está desempregado porque  as minas onde trabalhava fecharam, e como não tem Pais ou "Padrinhos" vive num quarto alugado num prédio do ´ghetto`.
    Estivemos um bom bocado a conversa, e despedimo-nos com pequenos traços de amizade já formados.
    Acho que qualquer um de nós gostava de ter um amigo anão, e aquele é mesmo ´cool`, um mini-anão (não contando com o jeito, que  deve de dar ter um amigo assim!!!).
    Seguimos caminho então. Nós para casa, ele... por ai, a fugir a mais "tropeções", mas com a certeza... que nos vamos ver em breve.